Uma patrulhense, Rayssa Santos e seu esposo Gabriel Bestetti tiveram o privilégio de ver o Papa Francisco pela última vez, antes de sua morte, no Domingo de Páscoa.
É dela, o relato sobre o que presenciou naquela oportunidade na Praça de São Pedro e na Basílica:
Em fevereiro de 2025, entrei em contato com o Vaticano por e-mail com um desejo que carregava no coração há anos: assistir à missa de Páscoa, celebrada pelo Papa Francisco, na Praça de São Pedro. Naquele momento, o Santo Padre ainda apresentava boas condições de saúde, e a expectativa era de que ele conduzisse a tradicional celebração pascal.
Com o ar dos meses, vieram as preocupações em relação à saúde do Papa. Acompanhando cada boletim com atenção e esperança, torci para que ele pudesse estar presente — e que eu tivesse a oportunidade única de vê-lo pessoalmente.
Chegamos a Roma no dia 18 de abril, Sexta-feira Santa. Nesse mesmo dia, nos dirigimos ao Vaticano para retirar os convites oficiais para a missa do Domingo de Páscoa. A celebração foi impecavelmente organizada, e tivemos a graça de ocupar um local privilegiado, a poucos metros do altar e do corredor por onde, posteriormente, o Papa aria.
O que não sabíamos era que, ao final da celebração, ele faria uma breve aparição a bordo do Papa-móvel. Após conceder a tradicional bênção “Urbi et Orbi” — que acontece apenas duas vezes por ano, no Natal e na Páscoa, e que abençoa o mundo com votos de paz — surgiu no telão a notícia de que o Santo Padre faria um trajeto pela praça.
Corri até as grades junto ao meu marido, Gabriel, e ali aguardamos, com o coração acelerado. E ele veio. ou a apenas dois ou três metros de nós. Um silêncio reverente se fez em meu peito. Era como se, naquele breve instante, toda a paz, coragem e resiliência que marcaram seu papado se manifestassem em sua presença. Foi impossível conter a emoção.
Na manhã seguinte, estávamos novamente no Vaticano. Havíamos acabado de visitar a Basílica de São Pedro quando os sinos começaram a tocar — o Santo Papa havia falecido. Ainda em choque e em oração, participamos, às 19h30 daquele mesmo dia, de um rosário em sua homenagem.
Sou de uma família católica e cresci vendo os Papas pela televisão. Sempre sonhei em ver um de perto. Encontrar o Papa Francisco — um líder tão revolucionário, tão próximo do povo e tão firme em sua fé — foi mais do que um sonho realizado. Foi um presente divino. Um gesto de Deus. E estar presente na última aparição pública em vida do Santo Padre, justamente no Domingo de Páscoa do ano jubilar, é algo que levarei para sempre no coração.”
Por Rayssa Santos